quarta-feira, abril 26, 2006

Um Rosto


"Apenas uma coisa inteiramente transparente:
o céu, e por baixo dele a linha obscura do
horizonte
nos teus olhos, que pude ver ainda
através de pálpebras semicerradas,
pestanas húmidasda
geada matinal, uma névoa de palavras
murmuradas
num silêncio de hesitações. Há quanto
tempo,
tudo isto? Abro o armário onde o tempo antigo
se enche de bolor e fungos; limpo os
papéis,cartas que talvez nunca tenha lido até
ao fim, foto-grafias
cuja cor desaparece, substituindo os corpos
por manchas vagas como aparições; e
sinto,eu
próprio, que uma parte da minha vida
se apaga
com esses restos."

Nuno Judice

1 comentário:

Anónimo disse...

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