terça-feira, fevereiro 27, 2007

Entre uma sevilhana e outra, surge...




(Ouvir a canção)

Chuva

"As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade"

Cantado por Mariza..

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Palavras...e mais palavras....silêncios...


Lhasa - Con toda a palabra

P.s: P. , afinal...

domingo, fevereiro 18, 2007

Debate no Largo da Graça


Já aqui foi referido, através de um artigo do Vasco Graça Moura a importância da leitura e da literatura.

O querido amigo Luís Foch, do Atirei o Pau ao Gato, propõe um debate no Largo da graça sobre isso mesmo.

"Qual a importância da literatura e da leitura para si? E para a sociedade, em geral, a leitura é relevante? Que pode oferecer-nos a literatura nos dias de hoje?Não lhe perguntaremos se gosta de ler e se tem hábitos de leitura, mas gostaríamos que nos respondesse se tem algum(ns) Autor(es) preferidos e qual(ais) o(s) livro(s) mais marcantes para si ou tão só aqueles de que mais gostou?"

Participem!

Sombra consumida/ Variações de se Ser

"Amo quem não conheço, quero quem conheço,
desejo quem não conheço, almejo por quem conheço,
quis amar-te, desejar-te, desejo-te!
Quero odiar-te, desejo odiar-te, não consigo, não tenho forças!
Procuro-te, encontro-te, perco-te, perco-me, encontro-me, vagueio
no desejo de te encontrar, de saber quem és, por onde andas,
como serás, como serei,
como seremos… O que por ai virá…
Perco-me na esferográfica, com palavras sem nexo,
dói-me a mão, já não dói,
quero que doa, não quero que doa.
Procuro respostas, encontro duvidas que me
enchem a alma, que me ferem, mas cresço,
vou crescendo!
Quero ser alguém, serei alguém?
Que serei?
Vagueio na cidade à procura de algo,
não sei bem!
Talvez saiba, talvez não queira saber,
queria poder saber, anseio saber.
Mas o quê? Não sei!
"

sábado, fevereiro 17, 2007

Pigmentações


Sónia Delaunay



"Quem posso eu chamar, que palavras lúcidas
e sóbrias, veementes
poderão despertar as ondas felizes,
que outro apelo, que outro alento
aproximará as árvores, o hálito das suas frases?

Quem me oferecerá no seu corpo o estuário das mãos,
que prodígios da terra deslizarão no repouso,
que declives, que jardins, que palácios diminutos,
que intangíveis enlaces, que adoráveis volumes?
Quem me dará o sossego da fábula mais pura
com o exacto relevo imediata e vagarosa?

Real e perfeita num deslizar de gozo, em lábios que
emudecem deslumbrados,
real e completo, secreto, imediato, maravilhoso
é o instante que descobre o animal ardente,
a mais ardente exactidão
a mais oferecida à claridade,
a mais contínua, a mais profunda suavidade.

Estamos dentro de um seio onde nascemos
como de uma montanha latente, somos nascente confusão
de múrmurios silvestres e a magia natural
de um silêncio límpido,, abraçamos a maravilha
aqui e agora, reconcentração na felicidade,
na evidência de delícias, múltiplas, fatais."
O instante, António Ramos Rosa


Obrigada Gi.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Relativismo...



------------------------------------------------------------------------------------------------


Amostra Sem Valor

"Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível;
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo."


Poema das Coisas Belas

"As coisas belas,
as que deixam cicatrizes na memória dos homens,
por que motivo serão belas?
E belas, para quê?

Põe-se o sol porque o seu movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas por que será belo o pôr do Sol?
E belo, para quê?

Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
mas só são coisas quando coisas percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?

Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
sem precisarem de ser coisas percebidas,
para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?"

Obra Completa de António Gedeão, Relógio D' Água, p. 167 e 244.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007


Jeff Buckley - Hallelujah



"Hallelujah"

I heard there was a secret chord
That david played and it pleased the lord
But you don't really care for music, do you
Well it goes like this
the fourth, the fifth
The minor fall and the major lift
The baffled king composing hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah ....

Well your faith was strong but you needed proof
You saw her bathing on the roof
Her beauty and the moonlight overthrew you
She tied you to her kitchen chair
She broke your throne and she cut your hair
And from your lips she drew the hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah .... .

Baby i've been here before
I've seen this room and i've walked this floor
I used to live alone before i knew you
I've seen your flag on the marble arch
But love is not a victory march
It's a cold and it's a broken hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah ....

Well there was a time when you let me know
What's really going on below
But now you never show that to me do you
But remember when i moved in you
And the holy dove was moving too
And every breath we drew was hallelujah

Well, maybe there's a god above
But all i've ever learned from love
Was how to shoot somebody who outdrew you
It's not a cry that you hear at night
It's not somebody who's seen the light
It's a cold and it's a broken hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah ....

Filosofias...

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Void


O Refugiado, 1939 de Félix Nussbaum


“ (…)pintor judaico Felix Nussbaum, considerado como um expoente máximo do
Expressionismo alemão, sendo vitima do nazismo, acabando por falecer nos campos
de concentração.
Felix Nussbaum nasceu em Osnabrück em 1904, filho de uma
família da classe media judaica, estudou pintura na década de vinte, tornando-se
bastante conhecido através de diversas exposições, mas com o surgimento da
Nacional Socialista, com o a fomentação anti-semita e com o ideal da raça alemã,
as suas obras forma brutalmente perseguidas tal como ele, a partir de 1933 foge
para várias zonas da Europa, acabando em Bruxelas, de onde é logo deportado para
Auschwitz, onde continua a pintar, morre em 1944.”

In Materialização da Ideia, Esboço de um Método com o traço de Mondrian, Março de 2007, pág 35.





No Campo, 1940 de Félix Nussbaum

Museu Félix Nussbaum


domingo, fevereiro 04, 2007

Persona, Sombra, Self ... ... ... Silêncio


Persona de Ingmar Bergman

Perspectiva "Jungueriana e Kierkegaardiana" ( FORMATO PDF)

Corpo, lugar, vazio, outro, lugar, vazio, corpo...


"Primeiro o Corpo. Não. Primeiro o lugar. Não. Primeiro ambos. Ora um deles. Ora o outro. Até fartar de um deles e tentar o outro. Até fartar também deste e fartar outra vez de um deles. Assim em diante. Dalgum modo em diante. Até fartar de ambos. Vomitar e partir. Para onde nem um nem outro. Até fartar desse lugar. Vomitar e voltar. Outra vez o corpo. Onde nenhum. Outra vez o lugar. Onde nenhum. Tentar outra vez. Falhar outra vez. Melhor outra vez. Ou melhor pior. Falhar pior outra vez. Ainda pior outra vez. Até fartar de vez. Vomitar de vez. Partir de vez. Onde nem um nem outro de vez. De vez e tudo.


(...)

Luz obscura origem desconhecida. Sabe-se o mínimo. Não não se saber nada. Seria esperar demais. Quanto muito o mínimo dos mínimos. Maximanmente menos que o mínimo dos mínimos.



(...)

Um outro. Dizer um outro. Cabeça afundada em mãos paralisadas. Vértce vertical.Olhos cerrados. Sede de tudo. Embrionária de tudo

Isto não tem fuuro. Infelizmente tem."

Beckett, Samuel, Últimos trabalhos de Samuel Beckett, Pioravante marche ( Worstward ho), Assírio & Alvim, 1996.