
Árvore da Água Derramada,
Grândola. (c) Maribel Sobreira 2007
Não tenho o hábito de fazer cogitações quando se inicia o Ano, mas antes, faço-o quando fecho um ciclo de vida, essa duração anual, e inicio um outro. Vendo e sentindo se estarei no caminho certo, se as pedras que vou escolhendo para o construir são as mais acertadas, se necessitam de ser trabalhadas, se os ramos da minha árvore estão bem podados.
Observo os acontecimentos como “Coisas” que tiveram que existir, que tivemos que experienciar, mesmo as mais negativas se tornam positivas, estas levam-nos a um conhecimento profundo do Ser, a um questionamento, por isso gosto dos momentos difíceis porque passei e certamente passarei, é aí que sinto a minha “Alma” a “elevar-se” é ai que percebo toda a essência do Ser e Tempo, do Ser em Si, do Eu em Mim.
Apenas resta-me acreditar e confiar no meu percurso de vida como se o sol necessitasse sempre da lua para dar luz ao amor.
“” O meu ofício, e a minha arte, é viver.[…] Pinto sobretudo os meus pensamentos, matéria informe que não se pode exprimir por actos. A muito custo posso-a colocar nesse corpo aéreo que é a voz. […] Eu exponho-me na íntegra, tal um skeletos, em que simultaneamente aparecem à vista as veias, os músculos e os tendões, cada peça no seu lugar. […] O que eu descrevo não são as minhas acções, sou eu próprio, é a minha essência. […] Porque Sócrates foi o único a compreender acertadamente o preceito do seu Deus, o de conhecer-se a si mesmo, e através de tal estudo, ter chegado a desprezar-se, só ele foi julgado digno do sobrenome de ’sábio’. Quem assim se conhecer, que tenha a audácia de, pela sua própria boca, o dar a conhecer.””
MONTAIGNE – Ensaios, Relógio d’Água, 1998 (ensaio “Da Exercitação”).
Obrigada Jayme por esta leitura e por me deixares fazer parte da tua partilha!
E Carla, minha amiga de laços que perduram pelos anos, não necessitamos do material para saber que a nossa amizade é metafísica, obrigada pela tua “revelação”.