quarta-feira, janeiro 31, 2007

Hesitação

Monsanto 2006, (c) Maribel Sobreira

"Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra."
Uma voz na pedra de António Ramos Rosa

Conferência na Almedina...IVG


O MLS convida-o a si e aos seus amigos e colegas, para a conferência que está a organizar subordinada ao tema "O impacto psicológico do aborto na mulher e na família", a realizar na livraria Almedina, Saldanha, no dia 2 de Fevereiro, próxima sexta-feira, às 19:30.

Na proximidade do referendo sobre a despenalização da IVG até às dez semanas, os argumentos dividem-se entre os que votam sim e os que optam pelo não. Nesta conferência, o que se pretende é reflectir sobre as implicações de um aborto na Psique da mulher e da família. Para analisar e debater questões como o alegado sindroma pós-aborto, tão referido noutros debates, convidamos dois psicólogos e uma neuro-bióloga.

Morada:
Atrium Saldanha
Praça Duque de Saldanha, 1Loja 71,
2º Piso

Participantes:

Inês Branco (Moderadora)
Cecilia Costa (Psicóloga e manatária do movimento "Médicos pela escolha")
Victor Cláudio (Psicólogo e docente universitário no ISPA)
Raquel Baptista Dias (Neuro-bióloga)

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Não sou daqui...por Amélia Muge


Video promocional do seu novo album "Não sou daqui"


"Não sou daqui, mas gosto d’aqui estar
De aprender no lugar do outro a m’encontrar
De poder um lugar achar, no estar aqui
Desejar o lugar de todos neste lugar
E saber, no lugar d’aqui, o meu lugar

Apresentei esta proposta de concerto à Culturgest, porque é ela a casa, em Lisboa, que os cantos do Não sou daqui, o meu mais recente trabalho, desejavam. São cantos que convocam os mundos do mundo, entre o aquém e o além das designações identitárias ou dos géneros musicais. Procuram, no território dos poemas, outras geografias para as pertenças, tentando nelas identificar o que já fomos, mas sobretudo o que ainda viremos a ser. As utopias começam na forma como cada um se projecta num mais além. E nesse lá, poderá a canção ser, nem que por breves momentos, o “ lugar de todos”?

Não sou daqui desafia as fronteiras da canção, na procura de um lugar de lugares onde a palavra, qual Gulliver em viagem, se apequena ou se agiganta em função dos territórios que atravessa, gerando percursos, tacteando vazios, perdas e danos, criando rotinas, tédios e alegrias, silenciando-se, para que outras “vozes” ganhem protagonismo.

Aqui, no horizonte da Culturgest, já sentimos à partida o apelo do ir ao encontro dos outros e do futuro. Trazemos para o seu palco do mundo, imagens e cumplicidades entre uma voz, um piano, um contrabaixo, vários sopros, percussões e tudo o mais que convites inesperados possam acrescentar. Interrogando sobretudo o que somos e o que nos preocupa e sobressalta. E homenageando, sempre, todos os que amamos."
Amélia Muge in Culturgest

"Não sou daqui" tem composições de Amélia Muge, para poemas dela própria e de António Ramos Rosa, Eugénio Lisboa, Hélia Correia e Sophia de Mello Breyner Andresen.

AMÉLIA MUGE apresenta “Não Sou Daqui” ao vivo no dia 8 de Fevereiro (15h), no Teatro da Luz (Programa “Viva a Música” de Armando Carvalhêda) e no dia 17 na Culturgest (21h30), em Lisboa.

MNAA



Visitas guiadas a 10 obras de referência do MNAA: última 4ª feira de cada mês, às 18H.
A entrada ao museu será gratuita e far-se-á pela porta principal, junto ao Jardim 9 de Abril.



Paula Rego na Galeria 111 e na Galeria de S. Bento



Galeria 111

até 3 de Março





Galeria de S.Bento

Dezassete obras de Paula Rêgo estão em exposição na Galeria de S. Bento, em Lisboa. As litografias da artista estão à venda e podem ser vistas até 20 de Fevereiro.


"As 17 litografias em exposição na Galeria de S. Bento são o retrato de uma heroína que luta pela emancipação: chama-se Jane Eyre e dá nome ao mais famoso livro de Charlotte Brontë. Paula Rêgo pegou na obra do século XIX e desenhou-a num traço que às vezes pede respeito, outras demonstra raiva, revolta ou violência. A história de Jane Eyre é contada em 25 litografias mas em S. Bento estão apenas 17."

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Μια αιωνιότητα και μια μέρα




Mia Aioniotita Kai Mia Mera -- A Eternidade e um Dia, filme de Theo Angelopoulos clicar aqui para ver o clip


Um mergulho íntimo pela memória de um escritor que, ao sentir aproximar-se a morte, faz uma espécie de balanço da sua vida.

Ao lidar com a memória, Angelopoulos desconstrói a unidade do tempo do passado e presente, real e imaginário. Em certas momentos o tempo fundem-se na mesma sequência, celebrando a importância da palavra, da criação artística, da dor do exílio e da solidão do silêncio.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Perigo de embrutecimento …




Escultura de Aida Sousa Dias

« Ora, como ele diz, os grandes autores ensinam-nos pelo menos tanto sobre a condição humana como os maiores sociólogos, psicólogos e filósofos.(…)
“Em regra, o leitor não profissional (...) lê essas obras, não para dominar melhor um método de leitura, nem para dele extrair informações sobre as sociedades em que elas foram criadas, mas para nelas encontrar um sentido que lhe permita compreender melhor o homem e o mundo, para nelas descobrir uma beleza que enriqueça a sua existência; fazendo-o, compreende-se melhor a si mesmo. O conhecimento da literatura não é um fim em si, mas uma das estradas reais que conduzem à realização de cada um." Ora o ensino volta as costas a este caminho... (…)"E ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust, não é beneficiar de um ensino excepcional?”»

Vasco Graça Moura sobre a Literatura…

terça-feira, janeiro 23, 2007

Requiem


Cecilia Bartoli & Arleen Auger - Requiem de Mozart

sábado, janeiro 20, 2007

De Mim para o meu Eu...


Árvore da Água Derramada,
Grândola. (c) Maribel Sobreira 2007

Não tenho o hábito de fazer cogitações quando se inicia o Ano, mas antes, faço-o quando fecho um ciclo de vida, essa duração anual, e inicio um outro. Vendo e sentindo se estarei no caminho certo, se as pedras que vou escolhendo para o construir são as mais acertadas, se necessitam de ser trabalhadas, se os ramos da minha árvore estão bem podados.

Observo os acontecimentos como “Coisas” que tiveram que existir, que tivemos que experienciar, mesmo as mais negativas se tornam positivas, estas levam-nos a um conhecimento profundo do Ser, a um questionamento, por isso gosto dos momentos difíceis porque passei e certamente passarei, é aí que sinto a minha “Alma” a “elevar-se” é ai que percebo toda a essência do Ser e Tempo, do Ser em Si, do Eu em Mim.
Apenas resta-me acreditar e confiar no meu percurso de vida como se o sol necessitasse sempre da lua para dar luz ao amor.


“” O meu ofício, e a minha arte, é viver.[…] Pinto sobretudo os meus pensamentos, matéria informe que não se pode exprimir por actos. A muito custo posso-a colocar nesse corpo aéreo que é a voz. […] Eu exponho-me na íntegra, tal um skeletos, em que simultaneamente aparecem à vista as veias, os músculos e os tendões, cada peça no seu lugar. […] O que eu descrevo não são as minhas acções, sou eu próprio, é a minha essência. […] Porque Sócrates foi o único a compreender acertadamente o preceito do seu Deus, o de conhecer-se a si mesmo, e através de tal estudo, ter chegado a desprezar-se, só ele foi julgado digno do sobrenome de ’sábio’. Quem assim se conhecer, que tenha a audácia de, pela sua própria boca, o dar a conhecer.””
MONTAIGNE – Ensaios, Relógio d’Água, 1998 (ensaio “Da Exercitação”).



Obrigada Jayme por esta leitura e por me deixares fazer parte da tua partilha!
E Carla, minha amiga de laços que perduram pelos anos, não necessitamos do material para saber que a nossa amizade é metafísica, obrigada pela tua “revelação”.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Do novo album...No Promises

Those Dancing Days Are Gone, Carla Bruni




""Come, let me sing into your ear;
Those dancing days are gone,
All that silk and satin gear;
Crouch upon a stone,
Wrapping that foul body up
In as foul a rag:
I carry the sun in a golden cup.
The moon in a silver bag.

Curse as you may I sing it through;
What matter if the knave
That the most could pleasure you,
The children that he gave,
Are somewhere sleeping like a top
Under a marble flag?
I carry the sun in a golden cup.
The moon in a silver bag.

I thought it out this very day.
Noon upon the clock,
A man may put pretence away
Who leans upon a stick,
May sing, and sing until he drop,
Whether to maid or hag:
I carry the sun in a golden cup,
The moon in a silver bag.""

Assim como...o Homem Teatro

Homem Teatro, escultura de Soares Branco, 1963


""Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade,
Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada.
Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos, infância da doença.
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.""

Assim Como, Alberto Caeiro

segunda-feira, janeiro 15, 2007

O Museu Judaico ... Ausência


""Libeskind através dos materiais e da sua intenção em contar a história do holocausto, consegue um museu que fala por si só, que à medida do seu percurso vai dando pistas do seu carácter. Não foi por acaso que o museu abriu antes da data prevista para a exposição que iria albergar, tornando-se ele próprio numa exposição, numa obra de arte. É um edifício em que o método fenomenológico (...)"" ler mais

CONCERTO ABERTO, antena 2


CONCERTO ABERTO
André Cunha Leal / Andrea Lupi / Reinaldo Francisco
De 2ª a 6ª às 19h00
Concertos Abertos Antena 2 Teatro Nacional D. Maria II

16 de Janeiro à 19h no Teatro Nacional D. Maria II
Quarteto Con’Tradição


17 de Janeiro às 19 n0 Teatro Nacional D. Maria II
Solistas da Orq. Metropolitana de Lisboa Alexei Tolpygo Franz Ortner Stéphanie Manzo Maurice Ravel Jacques Ibert

18 de Janeiro às 19h Teatro Nacional D. Maria II
Solistas da Orq. Metropolitana de Lisboa Quinteto Metálica Victor Ewald

Entrada Livre

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Tout le Monde


Tout le Monde, Carla Bruni.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Novo blog

A Obra de Arte...

"permite vários processos de interpretação, vários processos de imaginação. Essa é a grande virtude da arte: permitir a quem a vê ter a sua própria leitura, que pode ser ou não coincidente com a do artista"

Paula Rego


“Ei-la então: uma Vanitas que cumpre a sua função de nos lembrar que a todos, inebriados, festivos, lúdicos, teatrais, violentos, patéticos seres humanos, nos espera um encontro irremediável com a morte. A matriz onírica do encontro que se dá no texto de Almeida Faria ou na representação de Paula Rego é talvez apenas uma forma de eufemismo na encenação da crueldade desta evidência.” CAMJAP

Inaugura hoje pelas 22h no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian a exposição VANITAS de Paula Rego, em simultâneo com o lançamento do livro VANITAS, 51, AVENUE D’IÉNA de Almeida Farias, conto que inspirou a obra.

Estará patente até dia 25 de Março de 2007.


segunda-feira, janeiro 08, 2007

domingo, janeiro 07, 2007

Requiem com imagens simples




«Hoje, prefiro cantar as coisas simples, as que

crescem depressa, como os ciprestes, ou as

que se enrolam a tudo o que aparece nos muros,

como as buganvílias. Através delas, vejo o céu

que me traz outras coisas, mais complicadas

dos que estas da terra; e também no céu

escolho, hoje, o que não é difícil».

Nuno Júdice,Requiem com imagens simples