segunda-feira, maio 28, 2007


Ces rencontres avec eux
"Real. Jean-Marie Straub e Danièle Huillet (França, 2006)
Estreado no final de 2006, um pouco antes da morte de Danièle Huillet, este filme é a sequela de Dalla nube alla resistenza (1979). À semelhança deste filme, "Ces rencontres avec eux" é baseado na obra de Cesare Pavese Dialoghi con Leucò."





Não te perguntaste
porque é que um instante,
.
semelhante a tantos outros passados,
.
te tornou de repente feliz
feliz como um deus?
.
Olhavas a oliveira,
a oliveira na vereda
.
que percorreste todos os dias
durante anos e chega o dia
.
em que o tédio te deixa,
e acaricias o velho tronco com o olhar,
.
quase como se fosse um amigo reencontrado
que te dissesse gentilmente a única palavra
.
que o teu coração esperava.
.
Outras vezes,
.
foi o olhar de um qualquer viandante.
.
Outras, a chuva
.
intermitente durante dias.
.
Ou o grito ruidoso de um pássaro.
Ou uma nuvem
.
que dirias já ter visto.
.
Por um instante,
o tempo pára e a coisa banal
.
sente-la no coração
como se o antes e o depois
.
já não existissem.
.
Não te perguntaste porquê?


Cesare Pavese, «Le Muse», Dialoghi con Leucò (1947)

MNEMÒSINE Non ti sei chiesto perché un attimo, simile a tanti del passato, debba farti d'un tratto felice, felice come un dio? Tu guardavi l'ulivo, l'ulivo sul viottolo che hai percorso ogni giorno per anni, e viene il giorno che il fastidio ti lascia, e tu carezzi il vecchio tronco con lo sguardo, quasi fosse un amico ritrovato e ti dicesse proprio la sola parola che il tuo cuore attendeva. Altre volte è l'occhiata di un passante qualunque. Altre volte la pioggia che insiste da giorni. O lo strido strepitoso di un uccello. O una nube che diresti di aver già veduto. Per un attimo il tempo si ferma, e la cosa banale te la senti nel cuore come se il prima e il dopo non esistessero piú. Non ti sei chiesto il suo perché?


MNEMÓSINE Não te perguntasteporque é que um instante,semelhante a tantos outros no passado, deve de repente fazer-te feliz, feliz como um deus? Tu fitavas a oliveira, a oliveira na vereda que percorreste todos os dias durante anos, até que chega o dia em que o mal-estar te deixa, e tu acaricias o velho tronco com o olhar, como se fosse quase o amigo reencontrado e te dissesse justamente a única palavra que teu coração esperava. Outras vezes é o olhar de um passante qualquer. Outras vezes a chuva que insiste há dias. Ou o chio estridente de um pássaro. Ou uma nuvem que dirias já ter visto. Por um instante pára o tempo, e aquela coisa banal tu sente-la no coração como se o antes e o depois já não existissem. Não perguntaste o porquê disto tudo?

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