sexta-feira, julho 28, 2006
terça-feira, julho 18, 2006
Eterna saudade
O filme: Eternidade e um dia de ----- Theo Angelopoulos
Alexander, um escritor, tem o seu último dia de liberdade, antes de dar entrada no hospital. Ao sair de casa, salva da polícia um miúdo imigrante albanês.
A leitura de uma velha carta da sua esposa transporta-o para momentos de felicidade num dia ensolarado de verão de 1966. As suas reminiscências centram-se, também, no poeta grego Solamos, que viveu exilado na Itália e voltou para a Grécia, no começo do século XIX.
Um mergulho íntimo pela memória de um escritor que, ao sentir aproximar-se a morte, faz uma espécie de balanço da sua vida.
Ao lidar com a memória, Angelopoulos desconstrói a unidade do tempo do passado e presente, real e imaginário. Em certas momentos o tempo fundem-se na mesma sequência, celebrando a importância da palavra, da criação artística, da dor do exílio e da solidão do silêncio.
LA LUMIÈRE DU MONDE
" Tradução (VIII) :
Quando eu era criança já achava que as coisas não batiam certo com o que me contavam delas. Mantinha-me todo o tempo ao lado do mundo, no lado mudo da vida que recusava obstinadamente entrar no mundo das convenções. Preferi ir eu ao encontro das coisas perguntar-lhes o nome, em vez de usar o nome que os outros lhes davam. Assim, o revestimento cinzento de uma parede irradiado pelas rosas era capaz de me iluminar: eu quase conseguia ouvi-las. Podia acontecer com as rosas, com um rosto varrido por um raio de generosidade, com o sofrimento de uma mãe, ou a doçura trazida a um rosto pelo cansaço. Durante trinta anos recusei-me a entrar fosse no que fosse que me pudesse enlouquecer: os constrangimentos e as actividades de tempos livres tal como o mundo no-los propõe. Era sempre o ruído de fundo que eu ouvia em todo o lado. Esta história podia ter acabado mal: eu podia ter enlouquecido para não enlouquecer. Para além de ter havido, na minha vida, elementos de conto de fadas: tive realmente uma antepassada que morreu com uma picada de espinho de roseira."
Christian Bobin, LA LUMIÈRE DU MONDE, retirado do blog Risocordetejo
quinta-feira, julho 13, 2006
Níveis
" As realidades psicológicas e as das artes vivem em níveis distintos de significação: Freud nos oferece uma chave para entender o Édipo, mas a tragédia grega não se reduz às explicações da Psicanálise. Levi-Strauss diz que a interpretação de Freud é apenas outra versão do mito Édipo: Freud nos conta, em termos correspondentes a uma época que substitui a analogia mítica do pensamento lógico, o mesmo que Sófocles nos contou."
Paz, Octávio, Marcel Duchamp - ou o castelo da pureza, Editora Perspectiva, 3ª edição, 2004,pág.37.
terça-feira, julho 11, 2006
Ciclo de cinema no King
UM ANO DE CINEMA(S) - OS MELHORES DO ANO NO KING
Os melhores filmes do ano, estreados de Junho de 2005 a Junho de 2006, vão ser mostrados no ciclo UM ANO DE CINEMA(S) no Cinema King, em Lisboa, de 29 de Junho a 23 de Agosto. “Mar Adentro”, “O Segredo de Brokeback Mountain”, “Last Days”, “Capote” e “Uma História de Violência” são alguns dos filmes a ser exibidos num ciclo a não perder.
De 29 de Junho a 23 de Agosto no Cinema King a 3,50€
A RAPARIGA SANTA, Lucrecia MartelQuinta, 29 Junho
MARIA CHEIA DE GRAÇA, Joshua MarstonSexta, 30 Junho
ODETE, João Pedro RodriguesSábado, 1 Julho
CLOSER - PERTO DEMAIS, Mike NicholsDomingo, 2 Julho
VERA DRAKE, Mike LeighSegunda, 3 Julho
TARNATION, Jonathan CaouetteTerça, 4 Julho
MILLION DOLLAR BABY-SONHOS VENCIDOS, Clint EastwoodQuarta, 5 Julho
SIDEWAYS, Alexander PayneQuinta, 6 Julho
O CÉU GIRA, Mercedes AlvarezSexta, 7 Julho
3 EXTREMOS, Park Chan-Wood, Takashi Miike e Fruit ChanSábado, 8 Julho
A QUEDA - HITLER E O FIM DO TERCEIRO REICH*Olivier HirschbiegelDomingo, 9 Julho
QUERIDA FAMÍLIA, Dominic Harari e Teresa PelegriSegunda, 10 Julho
TEMPORADA DE PATOS, Fernando EimbckeTerça, 11 Julho
MONDOVINO*, Jonathan NossiterQuarta, 12 Julho
COLISÃO, Paul HaggisQuinta, 13 Julho
SINAIS VERMELHOS, Cédric KahnSexta, 14 Julho
9 SONGS - 9 CANÇÕES, Michael WinterbottomSábado, 15 Julho
CHARLIE E A FÁBRICA DE CHOCOLATE, Tim BurtonDomingo, 16 Julho
DE TANTO BATER O MEU CORAÇÃO PAROU,Jacques AudiardSegunda, 17 Julho
MAR ADENTRO, Alejandro AmenábarTerça, 18 Julho
OS PSICO DETECTIVES, David O . RusselQuarta, 19 Julho
OS EDUKADORES, Hans WeingartnerQuinta, 20 Julho
O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN, Ang LeeSexta, 21 Julho
OS IRMÃOS GRIMM, Terry GilliamSábado, 22 Julho
ALICE, Marco MartinsDomingo, 23 Julho
O CASTELO ANDANTE, Hayao MiyazakiSegunda, 24 Julho
LAST DAYS - ÚLTIMOS DIAS, Gus Van SantTerça, 25 Julho
AURORA, F. W. MurnauQuarta, 26 Julho
REIS E RAINHA*, Arnaud DesplechinQuinta, 27 Julho
A MARCHA DOS PINGUINS, Luc JacquetSexta, 28 Julho
AS BONECAS RUSSAS, Cédric KlapischSábado, 29 Julho
OLIVER TWIST, Roman PolanskiDomingo, 30 Julho
DOM QUIXOTE DE ORSON WELLES, Orson WellesSegunda, 31 Julho
BROKEN FLOWERS - FLORES PARTIDAS, Jim JarmuschTerça, 1 Agosto
O FATALISTA, João BotelhoQuarta, 2 Agosto
A NOIVA CADÁVER, Tim BurtonQuinta, 3 Agosto
SARABAND, Ingmar BergmanSexta, 4 Agosto
O PESADELO DE DARWIN, Hubert SauperSábado, 5 Agosto
NADA A ESCONDER, Michael HanekeDomingo, 6 Agosto
MATCH POINT, Woody AllenSegunda, 7 Agosto
ESPELHO MÁGICO*, Manoel de OliveiraTerça, 8 Agosto
O LEOPARDO*, Luchino ViscontiQuarta, 9 Agosto
ELA ODEIA-ME*, Spike LeeQuinta, 10 Agosto
TRÊS ENTERROS DE UM HOMEM, Tommy Lee JonesSexta, 11 Agosto
TRANSAMERICA, Duncan TuckerSábado, 12 Agosto
CAPOTE, Bennett MillerDomingo, 13 Agosto
SYRIANA, Stephen GaghanSegunda, 14 Agosto
COISA RUIM, Tiago Guedes e Frederico SerraTerça, 15 Agosto
MEMORIAS DE UMA GUEIXA*, Rob MarshallQuarta, 16 Agosto
O MUNDO*, Jia Zhang KeQuinta, 17 Agosto
UMA HISTORIA DE VIOLÊNCIA, David CronenbergSexta, 18 Agosto
WALK THE LINE, James MangoldSábado, 19 Agosto
NINGUÉM SABE*, Hirokazu KoreedaDomingo, 20 Agosto
INFILTRADO, Spike LeeSegunda, 21 Agosto
LISBOETAS, Sergio TréfautTerça, 22 Agosto
A CRIANÇA, Jean-Pierre e Luc DardenneQuarta, 23 Agosto
Preço Único: 3,50€Sessões às 14h, 16h30, 19h, 21h30Sexta, Sábado e 2ªFeira também às
00hExcepto onde assinalado com * 14h, 17h45, 21h30
Cinema KingAv. Frei Miguel Contreiras, 52ATel 21 848 08 08
segunda-feira, julho 10, 2006
Atributo às pedras
sexta-feira, julho 07, 2006
O ponto de todos os pontos
" (..) disse que para terminar o poema a casa lhe era indespensável , pois num ângulo da cave havia um Aleph. Esclareceu que um Aleph é um dos pontos do espaço que contêm todos os pontos
- Está na cave debaixo da sala de jantar - explicou, com a voz aligeirada pela angustia. - É meu, é meu; descobri-o na infância, antes da idade escolar. A escada da cave é inclinada, os meus tios tinham-me proibido de descer, mas alguém me disse que havia um mundo na cave. Referia-se, soube-o depois, a um baú, mas eu pensei que havia um mundo. Desci secretamente, tropecei na escada proibida, caí. Ao Abrir os olhos, vi o Aleph.
- O Aleph? - perguntei.
- Sim, o lugar onde estão, sem se confundirem, todos os lugares do mundo, vistos de todos os ângulos. (...).
Procurei raciocinar
- Mas não é muito escura a cave?
- A verdade não penetra num entendimento rebelde. Se todos os lugares da Terra estão no Aleph, ali estarão todas as luminárias, todas as lâmpadas, todas as fontes de luz.".
Borges, Jorge Luis, O Aleph (Obras Completas Vol.I), Lisboa, Teorema.
segunda-feira, junho 19, 2006
Transcendência
" Essência e existência, imaginário e real, visível e
invisível, a pintura confunde todas as nossas categorias
desdobrando o seu universo onírico de essências
carnais, de semelhanças eficazes entre significações mudas.".
Merleau-Ponty, O Olho e o Espírito, Edições Vega, 2004, pág. 32.
sábado, junho 10, 2006
Acomodação do artista
" Se o artista não se precipita na sua obra como Curtuis no seu abismo, como soldado para o meio da refrega, sem reflectir, e se, nessa cratera, ele não trabalhar como o mais indefeso refugiado numa derrocada: se se puser a contemplar as dificuldades em vez de as vencer uma a uma, como esses amantes de fadas que para alcançar as suas princesas se põem a combater encantamentos renascentes, a obra ficará inacabada, parecerá no fundo do atelier, onde produzir se torna impossível e o artista assiste ao suicídio do seu talento.".
Balzac, Honoré de, " A obra-prima desconhecida", Edições Vendaval, 2002, pág 22.
terça-feira, maio 16, 2006
Navegantes
" O bom piloto, mesmo com a vela rasgada e de todo desarmada, repara as feridas da sua nave para prosseguir na sua rota"
Lúcio Aneu Séneca
quinta-feira, abril 27, 2006
Love's Waiting Time
" Tão doce é ficar apenas próximo,
Conhecer melhor o outro e manter
A suave sensação de um par que se toca...
(...)
Contudo, um pouco mais o nosso amor pode crescer!
E quando tiver florescido, acaso morrerá.
Alimentado de beijos sem lábios, deixá-lo adormecer,
Deitado em mortal negação, contudo, ainda um pouco...
Contudo, um pouco mais, um pouco mais."
Jack London no livro " Quando Deus Ri", conto com o mesmo titulo.
quarta-feira, abril 26, 2006
Um Rosto
"Apenas uma coisa inteiramente transparente:
o céu, e por baixo dele a linha obscura do
horizonte
nos teus olhos, que pude ver ainda
através de pálpebras semicerradas,
pestanas húmidasda
geada matinal, uma névoa de palavras
murmuradas
num silêncio de hesitações. Há quanto
tempo,
tudo isto? Abro o armário onde o tempo antigo
se enche de bolor e fungos; limpo os
papéis,cartas que talvez nunca tenha lido até
ao fim, foto-grafias
cuja cor desaparece, substituindo os corpos
por manchas vagas como aparições; e
sinto,eu
próprio, que uma parte da minha vida
se apaga
com esses restos."
Nuno Judice
sexta-feira, setembro 02, 2005
Um amor proibido

"Uma poeira laranja invade devagar
esta paisagem estrangeira
e o meu coração estoira
Então, enquanto o dia entra pela noite
eu abro a gaveta da minha bravura
e firme passo sobre o preconceito das gentes
Um passo
de pois outro
amorosamente atravessando a ponte"
Maria João
segunda-feira, abril 11, 2005
pintar: não a montanha mas o medo
"compôr a luz e
não escrever nunca
dizer: o quadro será (como)
dizer a morte?
ou condizer com a sorte?
pintar: o espaço às voltas
para rimar:
com a montanha-castanha"
sexta-feira, abril 08, 2005
CICLO ANDRÉ TÉCHINÉ
CINEMA KING - LISBOA
CICLO ANDRÉ TÉCHINÉ
Bilhetes a 3,80
NÃO DOU BEIJOS
7 (QUI) 14 (QUI)
A MINHA ESTAÇÃO PREFERIDA
8 (SEX) 15 (SEX)
OS JUNCOS SILVESTRES
9 (SAB) 16 (SAB)
OS LADRÕES
10 (DOM) 17 (DOM)
ALICE E MARTIN
11 (SEG) 18 (SEG)
LONGE
12 (TER) 19 (TER)
OS FUGITIVOS
13 (QUA) 20 (QUA)
HORÁRIOS14h00 - 16h30 - 19h00 - 21h30
6ª, sábado e 2ª também às 00h00
sábado, abril 02, 2005
Porque hoje é....
"Os dedos colam-se ao corpo; e a luz
esplêndida dos cabelos molha o espírito com que a olho.

Pego na tua mão pelo instante
em que hesitas. É melhor que o tempo
não dure. O que não se vive, fica
para outro dia, mesmo quando não chega."
sexta-feira, abril 01, 2005
Enigma
"Saber onde se encontram o princípio
e o fim: a coincidência dos opostos, a identificação
do mesmo com o idêntico, como se
o tempo, ele próprio, tivesse parado o seu curso. Re-
comecemos, então!
Um tempo preso da sua latitude: o
infinito. Mas o que sei é que, entre o que é e
o que não é, um instante se intromete: a vida,
uma vida, aquilo que corrompe a eternidade
e que obscurece a sua ideia.
A ideia de estadia: paragem no curso
do estático. É essa ideia que dói: mas uma dor abstracta,
o espinho que punge o espírito, que se atravessa
no seu movimento - e retém a máquina humana com a sua
complicada engenharia.
Desmonto, uma a uma, as suas peças. Esqueço-me
de que não saberei como voltar a colocá-las. Não há cadernos
de instruções para os sentimentos; as emoções não se colam
como pedaços do todo que se partiu. Ouço o motor
da alma, a sua rotação irregular no fundo de
suspiros, murmúrios, silêncios.
É como se o vazio caísse, de súbito. Um edifício
que ocupa o espaço dos destroços."
Nuno Judice
quinta-feira, março 31, 2005
domingo, março 27, 2005
ANaifa
Fui ao concerto dos ANaifa na cidade da Guarda.
www.anaifa.com
www.anaifa.com
Vale mesmo a pena perderem tempo a ouvir este grupo!!!
domingo, março 20, 2005
O livro
" «Porque é que tudo isto é belo?Porque é que é bela esta dança?»
Porque se trata de um movimento que não é livre, porque o sentido
profundo da dança reside exactamente na obdiência absoluta e
extática, na nao-liberdade ideal.
(...)
Quando ela entrou, o volante da lógica zunia ainda dentro de mim e, devido à
inércia, não pude deixar de falar da fórmula que acabava de estabelecer
e na qual todos participavamos, nós, a máquina e a dança"
NÓS de Zamiatine
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